Futuro do trabalho: mais 4% de bem-estar representa um aumento de 1% de lucro

 

Proporcionar um ambiente de trabalho seguro e saudável estará, certamente, nas ambições de todos os líderes e organizações, mas concretizar esse desígnio pode ser muito desafiante. Para dar continuidade à construção do Corporate Code for Reputation Excellence, o Reputation Circle desafiou 8 personalidades de diferentes setores de atividade, ligadas à gestão de recursos humanos, para identificar os principais desafios desta área.

Antes dos exemplos acionáveis, o painel foi consensual na sua primeira conclusão: cuidar das pessoas não pode ser considerada uma medida disruptiva já que é a base de uma relação laboral saudável. Mas o impacto deste investimento não se resume ao ambiente de trabalho: um estudo conduzido pela AON revela que 4% de incremento na performance de bem-estar é responsável por mais 1% de lucro e por uma redução de 1% no turnover. Existe, por isso, uma relação direta e tangível entre o investimento nas pessoas e os resultados financeiros da empresa, um círculo virtuoso que lança pistas importantes sobre o futuro do trabalho.

O debate sobre este pilar do Corporate Code for Reputation Excellence foi, por isso, essencial e permitiu-nos identificar 3 linhas de ação que lançam pistas sobre o futuro do trabalho.

 

 

  • Melhorar a experiência do colaborador com uma visão holística do bem-estar: físico, emocional, financeiro, social e profissional. Alguns exemplos concretos passam pela segurança (física e psicológica), igualdade no acesso a oportunidades, remuneração justa, promoção da diversidade e inclusão – medidas que são frequentemente citadas, mas que nem sempre correspondem à realidade da operação. Não menos importante é a dimensão técnica desta experiência, já que a rápida evolução dos padrões de consumo e dos meios de produção vieram reforçar a necessidade de capacitação das equipas. Neste novo paradigma, conceitos como upskilling e reskilling são fundamentais para responder à digitalização e à reconfiguração de alguns setores de atividade.

 

  • Incorporar as boas práticas na cultura da organização e aplicá-las de acordo com as necessidades do negócio. Esta correlação entre os valores da organização e a sua gestão de pessoas é fundamental, já que a evolução destas políticas exige, não raras vezes, um esforço de adaptação conjunto e a convicção de que a mudança trará benefícios a toda a empresa. Exemplo disso são, por exemplo, os códigos de conduta e whistleblowing, assentes em princípios como a transparência e lealdade. Do mesmo modo, medidas relacionadas com recrutamento inclusivo, diversidade ou adoção de novos modelos de trabalho serão tão mais efetivas quanto mais presentes estiverem no ADN da empresa.  Embora não existam soluções universais, parece consensual a necessidade de conhecer as equipas e procurar o equilíbrio entre as necessidades do negócio e as expectativas dos colaboradores, na certeza de que só passando da teoria à prática se podem atingir resultados efetivos.

 

  • Promover uma comunicação transparente e eficaz, que permita consolidar as relações entre colaboradores e envolvê-los na construção de um ambiente de trabalho seguro e saudável. Esta relação de confiança constrói-se, sem surpresas, com base na transparência: tão importante como comunicar as medidas implementadas, é auditar os resultados e clarificar o seu impacto a curto, médio e longo prazo.  É o respeito por estes princípios que converte os colaboradores em embaixadores, permitindo que influenciem positivamente outros stakeholders – um movimento decisivo na construção de uma boa reputação corporativa e na resposta a um dos muitos desafios deixados pela pandemia: a atração e retenção de talento.

 

Corporate Code for Reputation Excellence

Para criar um documento acionável, com o qual empresas e gestores portugueses se identifiquem, o Reputation Circle vai dar continuidade a um ciclo de debates, convidando personalidades representativas dos diversos setores de atividade para se juntarem à reflexão e co-redigirem o texto final. Assim, nos próximos 5 meses serão promovidos mais 5 encontros, um por pilar, dos quais resultará a versão final do Corporate Code for Reputation Excellence.

Terminada a redação deste documento orientador – prevista para o verão de 2022 – o Reputation Circle pretente lançar o repto à comunidade empresarial nacional para a subscrição e adoção daquele que será o primeiro documento a reunir as empresas portuguesas em torno de um compromisso comum: a reputação corporativa e as melhores práticas a que ela obriga.

O esqueleto desta carta de princípios foi desenhado pelo Reputation Circle com a participação ativa do seu Conselho Consultivo, um grupo de 11 personalidades de referência no panorama empresarial português. Organizada em 7 pilares essenciais – Propósito, Empatia, Ambiente de Trabalho, Inovação, Sustentabilidade, Transparência e Métrica – o projeto resulta dos estudos e debates promovidos pelo Reputation Circle em torno da importância da reputação das organizações num mundo em aceleradas condições de mudança e incerteza. Um mundo em que os fatores económicos, ambientais, sociais e de governança (EESG) são percebidos, cada vez mais, como elementos críticos de sucesso ou fracasso, de boa ou má reputação. Sabemos, por isso, que esta realidade que deve determinar a forma de agir e de comunicar das empresas e dos gestores, decisões que serão decisivas para a construção e gestão de uma boa reputação corporativa.